Nos últimos anos, a crescente conscientização da sociedade sobre os riscos relacionados à temática ambiental, social e de governança (da sigla em inglês, ESG) e o surgimento de uma geração de investidores que priorizam impactos não financeiros ao lado de fatores financeiros puxaram o crescimento e a importância do tema. Com isso, o debate sobre as iniciativas de ESG ganha cada vez mais espaço na mídia e promove uma mobilização no mundo empresarial.
Esse tema está na pauta de discussão de todas as organizações mundiais. Porém, no Brasil, por ser um país que possui alta representatividade do Agronegócio em sua economia, cujo setor é ligado diretamente com as questões sociais e, principalmente, do meio ambiente, o tema ganha ainda mais relevância.
O cenário atual, acelerado pela pandemia, é de mudanças nos hábitos dos consumidores finais, com uma maior preocupação em relação à maneira que os produtos são produzidos, maiores exigências ambientais e sobre recursos naturais, buscando uma maior visibilidade e transparência nas cadeias de valor. A previsão é de que até 2030 teremos um aumento da demanda global por energia de 40% e a necessidade de aumentar a produção de alimentos em 35%.
Como nos últimos anos há um aumento significativo da pressão, em especial no mercado internacional, sobre as organizações por maior sustentabilidade, será fundamental mensurar e comunicar tudo o que tem sido desenvolvido nesta temática, de modo a gerar confiança junto aos stakeholders e à sociedade como um todo.
E, neste ponto, ainda há um caminho a ser percorrido. A padronização das informações a serem medidas e divulgadas, recorrência e consistência e a necessária validação independente são ações importantes para dar vida ao discurso crescente das empresas que publicam sua intenção de aderir a essa pauta. A definição de informações ESG exige uma avaliação criteriosa por parte das organizações. As particularidades de cada segmento, bem como a localização geográfica e as demandas e pressões dos diversos stakeholders são alguns dos elementos que precisam ser considerados nessa avaliação.
Especificamente no Brasil, percebemos que as empresas estão em diferentes estágios de maturidade em relação ao tema. Algumas já são signatárias de acordos e pactos nacionais e globais, além de buscarem certificações ou reconhecimentos. Entretanto, analisando o contexto de uma maneira mais ampla, em diversos segmentos, o que vemos são empresas que ainda precisam acelerar a implementação de ações ESG, dando maior transparência sobre seus esforços relacionados ao tema e sobre como geram e compartilham valor de forma sustentável.
Essa transparência, aliada à medição e comunicação dos planos de criação de valor e seus avanços será tão importante para as organizações quanto gerar resultados econômicos. Segundo pesquisa da PwC realizada em 2020, para 47% dos respondentes ter acesso às informações de ESG já é tão importante quanto às informações financeiras das empresas.
Tudo isso permite às organizações aumentar a credibilidade e engajamento com seus stakeholders, potencializando seu acesso a novas fontes de financiamento, criando mais valor para os seus acionistas no longo prazo, mostrando maior resiliência em períodos de crise, assegurando a licença social para operar e a fidelização de clientes.
Aproveitar a janela de oportunidades requer uma mudança cultural importante, envolve acionistas e executivos de todas as áreas da organização. As organizações que adotarem estratégias e modelos de negócios alinhadas às melhores práticas de ESG se diferenciarão no mercado e criarão as bases para seu crescimento e perpetuidade.
É fundamental que o foco dessas organizações esteja nos temas que são relevantes e estratégicos e venham ao encontro da crescente demanda das partes interessadas por informações assertivas sobre atuação e desempenho das organizações. Quanto mais cedo se prepararem para enfrentar esse desafio, maiores serão as chances de sucesso.
Escrito por: Mauricio Moraes, sócio na PWC Brasil